Ana Paula Cruz
Guardiã de Memórias
Textos

“ A mulher dengosa”
 
Era uma mulher dengosa,
que fingia não ter apetite,
quando sentava à mesa
via os pratos e dava chiliques.
 
Comia três grãos de arroz
cruzava o talher, torcia o nariz.
O marido desconsolado
observava à cena infeliz.
 
Apesar do eterno jejum,
a mulher permanecia gordinha.
Desconfiado então o marido,
preparou-lhe uma armadilha.
 
“Mulher vou fazer uma viagem
ficarei fora alguns dias.”
Pegou a mala, pôs nas costas,
mas escondeu-se num canto da cozinha.
 
Imediatamente a mulher
suspirou, deu Graças a Deus,
correu logo pra cozinha
e uma sopa bem grossa fez.
 
Um ensopado pro jantar;
a dengosa preparou,
matou um frango robusto
e sem melindrez o devorou.
 
Pra terminar o banquete,
comeu mandioca sequinha,
de sobremesa beijinho de coco,
com a massa bem fininha,
 
Como estava chovendo muito,
a dengosa resolveu descansar.
Enquanto isto o marido,
da cozinha saiu devagar.
 
Bateu na porta da rua,
fingindo da viagem chegar,
a mulher desapontada
abriu a porta a indagar:
 
“Maridinho, você chegou,
debaixo duma chuva tão grossa?
E está tão enxuto
parece que nem viajou, “minha nossa”!!!
 
“ Se a chuva fosse tão grossa,
como  a sopa que você almoçou,
eu estaria todo ensopado
como o frango que você jantou.”
 
“Mas a chuva agora está fininha,
como os beijinhos que você beliscou
e é por isto que estou enxuto
como a mandioca que você ceou.”
 
Desapontada a dengosa
resolveu deixar de drama,
após o marido ter descoberto
que tudo não passava de manha.

 

Ana Paula Cruz

domínio público( Monteiro Lobato) reescrito em versos por Ana Paula Cruz
Enviado por Ana Paula Cruz em 19/05/2014
Alterado em 06/06/2022
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