O mistério da Fazenda" Coronel Cintra"

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O mistério da Fazenda" Coronel Cintra"

Laura e Pedro eram casados e moravam em Belo Horizonte ,em um amplo apartamento de um bairro nobre da capital mineira,há quase cinco anos.
Laura era professora universitária e Pedro gerente de uma empresa multinacional.Trabalhavam muito,quase não se encontravam,devido a jornada de trabalho e com isto a relação entre eles tornou-se desgastante,monótona e infeliz.
Pedro amava Laura e percebendo que estava perdendo sua mulher,começou a buscar um novo estilo de vida para o casal.
Durante o tempo que trabalhou nesta multinacional,cerca de quinze anos,conseguiu economizar uma boa quantia em dinheiro.Laura também tinha suas reservas.
Assim,Pedro decidiu colocar seu novo projeto de vida em ação.
Conversou com Laura e expôs o que havia pensado. Saíriam de seus empregos,venderiam o apartamento e comprariam uma fazenda em algum município da região central de Minas Gerais,onde iniciariam uma plantação de eucalipto.No início,Laura ficou receosa e resistente,mas aos poucos começou a gostar da ideia,principalmente,por ter a oportunidade de morar na mesma região onde seus pais moravam.
Começaram a fazer pesquisas,através da internet, em imobiliárias localizadas naquela região a procura de imóveis que estariam sendo vendidos.
Durante a busca se encantaram com uma Fazenda" Coronel Cintra", com um lindo casarão cercado por uma grande varanda, um lago e até uma igrejinha.Possuía uma área muito grande e o valor de venda do imóvel era bastante razoável para o padrão daquele imóvel.
Resolveram ir ao local para conhecê-lo e agendaram com um corretor à visita.
O corretor era um homem muito simpático,de meia idade,calvo e usava um terno bastante surrado.
Chegando ao local apresentou todo o espaço da fazenda e o casal percebeu que o casarão apesar de muito bonito,necessitava de muitos reparos e reformas. Pedro indagou ao corretor o motivo do imóvel estar abandonado há tanto tempo,mesmo estando com um valor abaixo da tabela. O corretor ficou um pouco desconcertado,mas disse que a situação econômica não estava favorável para a venda de imóveis e que os donos da fazenda decidiram abaixar o valor,pois desejavam mudar-se para à Espanha o mais rápido possível,por seus filhos morarem lá.
Pedro ficou meio cismado,mas, ao ver a felicidade de Laura,decidiu fechar o negócio.
O corretor não conseguia disfarçar todo o seu contentamento com a venda da propriedade.
Um mês após a compra e alguns reparos e reformas,finalmente, Pedro e Laura mudaram para a fazenda.Uma nova vida...um novo lar...
Muitas coisas ainda precisavam serem colocadas no lugar,estavam muito animados e felizes.
Pedro precisou ir até um armazém que ficava na cidadezinha próxima a fazenda e foi recebido pelo vendedor um tanta ressabiado que sussurrou com um cigarro de palha no canto da boca:
"O sinhô que comprô a fazenda do coroné?"
Pedro balançou a cabeça afirmativamente.
Perguntou ao vendedor se conhecia homens de confiança para trabalhar em sua propriedade. O vendedor cabisbaixo,disse que seria difícil.
Pedro assustou-se com a resposta do vendedor e só com o tempo percebeu que não seria nada fácil conseguir homens para trabalharem na fazenda.
Alguns deles até faziam o "sinal da cruz" e diziam "Cruz credo! A alma do coroné vagueia por lá".
Pedro achava aquela história meio absurda e inicialmente não contou nada para Laura.
Conseguiu alguns homens,um caseiro,mas a maioria deles,quando começava a anoitecer,entravam para dentro de sua casas e não saiam mais.
Pedro começou a ter a sensação de que estava sendo observado,e em uma noite enquanto ele e Laura estavam na cozinha,veio um forte vento e quebrou todas as taças e pratos que estavam sobre a mesa. Foi um grande susto!
À noite enquanto dormia, Pedro foi despertado com barulhos vindos do assoalho, chamou Laura,que sonolenta,disse que provavelmente seriam ratos e que no dia seguinte providenciariam veneno.
A sensação de ser observado era constante e Pedro começou a buscar a explicação de tais fatos.
Nestas alturas. Laura já sabia de tudo o que estava acontecendo,mas permanecia tranquila.
Nenhum morador da cidade gostava de tocar no assunto da fazenda, mas, Pedro acabou sabendo que durante muitos anos um respeitado senhor,conhecido como Coronel Cintra era o dono daquela propriedade.
Era um homem generoso e religioso,morava com sua esposa e dois filhos que ao contrário do pai eram perversos e gananciosos.A esposa do Coronel faleceu e então travou-se uma briga entre os irmãos por partilha de bens.
O Coronel ficou triste e desolado com aquela situação e em um certo dia desapareceu sem nunca mais ser visto. Todos acreditaram que diante de todos os conflitos.ele havia se desencantado e partirá sem rumo pela vida.
Os filhos tomaram as "rédeas"da propriedade e sem saberem administrá-la e com os funcionários insatisfeitos foram a falência e precisaram vender a fazenda. Cada um seguiu seu rumo e não foram mais vistos.
Depois disto,a fazenda teve vários proprietários que logo desistiam e colocavam o imóvel a venda.
"Diziam que aconteciam muitas coisas estranhas por lá"
Pedro ficou decepcionado! Seu grande projeto,o sonho de Laura,estavam arruínados, por uma assombração!
O que faria agora?
Investira todas as suas economias, certamente não conseguiria vender a fazenda.Estava desesperado!
À tarde ,precisaram ir a cidade resolver alguns problemas de funcionários que haviam pedido demissão.
Ao retornarem caiu um grande temporal e a estrada de acesso era pura lama e buracos:o carro atolou!
Pedro ficou furioso,gritou,esbravejou,surtou!
Como sairiam dali?
Era noite,geralmente ninguém passaria por ali.Laura ,apenas rezava.
A tempestade passou, mas seria impossível para Pedro tirar o carro sozinho daquele lugar.
Avistou de longe,um homem vindo a cavalo com muita dificuldade para atravessar o caminho.
Ao aproximar-se,apresentou-se como Antônio e ofereceu ajuda a Pedro, que pensou,como um velho daquele teria condições de ajudá-lo.
Sem outra alternativa ,aceitou a ajuda!
O homem solicito, cumprimentou Laura que permaneceu dentro do carro
e começaram a tentar desatolar o carro.Enquanto isto começaram a conversar e como velhos amigos,Pedro ,desabafou tudo o que havia acontecido em sua vidas desde a chegada à fazenda...a alegria de Laura,o medo dos funcionários, os acontecimentos na casa,a situação econômica da família.
O homem disse que morava há muitos anos naquela região e que já ouvira todos aqueles "causos" e que ninguém conhecia a verdadeira história.
Voltou-se para Laura e disse:

" Espíritos não são assombrações,são mortos mais sábios que os vivos"(Julyane Foster)

E completou:
"Descubra a verdade para viverem em paz!
Pedro e Laura agradeceram ao homem que subiu em seu cavaloe foi embora.Notaram que ele tinha na cabeça, um velho chapéu de couro com um bonito brasão de prata.
Retornaram em seguida para casa e um silêncio avassalador tomou conta do casal.
Ao chegarem em casa,outra decepção, com a tempestade parte do telhado desabou.A sala de estar estava totalmente alagada.
Enquanto Pedro verificava o telhado,Laura começou a secar a sala,trabalho árduo e demorado.Ao passar o pano em um dos cantos da sala ,percebeu uma fresta e uma irregularidade no assoalho de madeira,não conseguiu abrir.
Chamou Pedro que forçou o assoalho e encontrou a entrada de um porão.
Percebeu que havia uma escada e desceu com cuidado, o cupim já havia "comido" parte da madeira. Laura também desceu.Passaram a observar tudo o que havia por ali.Fotografias e armas antigas,alguns móveis,roupas desgastadas com o tempo e... documentos,entre eles várias certidões sendo uma delas em nome de Antônio Joaquim Cintra. Espantados, Laura e Pedro encostaram em um baú. Pedro utilizou uma ferramenta para abri-lo e ao romper o cadeado,depararam com um amontoado de ossos humanos e o mesmo chapéu de couro com o brasão de prata,que estava na cabeça do homem que horas antes os havia ajudado.
O mistério da Fazenda "Coronel Cintra " havia sido desvendado. O Coronel não havia sumido.Foi morto pelos próprios filhos"
A polícia foi chamada,já não tinha o que fazer.
Laura decidiu sepultar os restos mortais do Coronel no pátio da igreja,onde provavelmente sua esposa teria sido enterrada.
Assim...descansariam em paz!
Nunca mais o casal foi importunado,tiveram uma vida feliz e abastada junto de seus filhos.
Laura sempre lembrava com carinho do Coronel que a ensinou sobre a sabedoria dos espíritos.

Ana Paula Cruz

Enviado por Ana Paula Cruz em 17/05/2021

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